14/01/2016

“A produção gasífera é cada vez mais exigente”

Na reportagem publicada pela Revista Shale Seguro hacia ENERGÍA 360, Osvaldo del Campo refletiu sobre o mercado dos hidrocarbonetos não convencionais e as inovações tecnológicas.

Osvaldo del Campo, CEO do Grupo Galileo

Osvaldo del Campo, CEO do Grupo Galileo

“Hoje tem parâmetros diferentes, os custos mudaram e tem outros diagramas para as jazidas. Isso nos obriga a não utilizar métodos antigos para resolver problemas novos”, afirmou.

Existem modelos de negócio diferentes para jazidas convencionais e não convencionais?

Nós propomos dois modelos de negócio. Não quero dizer que tudo quanto foi feito esteja mal; porém, hoje existem parâmetros diferentes, os custos mudaram e tem outros diagramas para as jazidas. Isso nos obriga a não utilizar métodos antigos para resolver problemas novos na indústria. O gás não convencional deve ser produzido com métodos não convencionais.

Quais são esses modelos?

O primeiro modelo é para as novas jazidas que estão conectadas à rede. Já desenvolvemos um conceito novo para diferentes empresas petroleiras: compressão na boca de poço. Trata-se de equipamentos que oferecem um esquema diferente e um conceito inovador na diagramação de uma jazida. Sua principal vantagem é o aumento da produção e a diminuição do custo operacional. Começamos há cinco anos na Argentina e já se tornou um padrão. Praticamente todas as petroleiras o utilizam. Agora conseguimos melhorá-lo com um esquema novo, chamado de “Compressão Distribuída”. Antes, toda a potência de compressão estava concentrada em estações que recebiam o gás dos poços e o comprimiam. Isso evoluiu para o segundo modelo de cabeça de poço que aumentava a produção. Conseguimos quadruplicar a produção. Segundo os últimos testes que realizamos com as petroleiras, em um poço de gás de xisto ou compacto a produção do mesmo poço está sendo multiplicada em 1,5 ou 2 vezes, com perfuração do lado ou no mesmo local.

O que faz um equipamento de compressão distribuída?

Realiza todo o trabalho de compressão em um só local. Recebemos do poço e diretamente vamos para os gasodutos. Isso aumenta a produção, simplifica a instalação e, também, diminui significativamente o custo da montagem da jazida. O diâmetro dos dutos é reduzido para a metade, e as grandes obras civis nas estações de compressão também diminuem. O equipamento é colocado diretamente do lado do poço; portanto, não requer obras nem instalação.

Tem incidência nos custos?

O custo de produção de uma jazida normal de aproximadamente USD 1/Mbtu é reduzido para a metade, incluindo a amortização de todo o investimento da superfície (sem a perfuração) mais o OPEX de compressão.

É apropriado para todas as jazidas?

É uma solução para as jazidas que já estão conectadas à rede por métodos convencionais. O modo mais revolucionário e inovador é a conexão por vias não convencionais, monetizando nosso conceito de Gasoduto Virtual de maneira não convencional.

Isso significa que os gasodutos convencionais não são utilizados?

Exatamente. “Gasoduto Virtual” é nossa marca, mesmo que o mundo já a esteja utilizando como denominação genérica. O produto tem a mesma qualidade oferecida por um gasoduto; porém, fisicamente, o gasoduto não está ali. Os caminhões ou trens levam o gás por vias não convencionais. O conceito nasceu utilizando GNC, que nos oferece uma faixa de ação limitada, de 100 a 150 km, e depois estendemos essa fronteira adicionando o GNL, praticamente sem limites. Hoje, levar o GNL de Neuquén para Buenos Aires tem um custo comparável com seu transporte através do duto.

Qual o impacto no sistema?

Primeiro, introduzimos o Gasoduto Virtual para conectar os usuários com os dutos. Depois, observamos que os poços podiam ser conectados aos dutos, e hoje estamos trabalhando em conectar os poços com os usuários sem os dutos. Então, atualmente podemos produzir GNL no poço e, diretamente, podemos levá-lo daí para o consumidor, sem passar pelos dutos. Isso vai representar muitas oportunidades de captar clientes novos que hoje estão fora do sistema. Atualmente, 50% da matriz energética argentina é gás natural. Entendemos que essa participação deve subir 10 ou 20 pontos, porque temos a segunda reserva de gás do mundo; do contrário, seria um absurdo. Já aconteceu na nossa história, quando descobrimos Loma La Lata. Nosso país passou de 20% para 50%. Então, com certeza, vai acontecer novamente.

O uso de GNL vai aumentar, graças a esse conceito novo?

Vai aumentar, sim. No ano que vem, vamos fazer um evento para apresentar o GNL para uso veicular e de transporte em geral que, por enquanto, na Argentina é apenas empregado para o ferryboat Francisco da Buquebus. Os caminhões de longa distância ou os trens vão mudar para GNL, com certeza. É um combustível que vai custar a metade do diesel. Para o produtor, representa uma grande oportunidade de melhorar a monetização de sua jazida e, para o usuário, uma vantagem para economizar em custos de combustível.

Quantos poços poderiam começar a ser rentáveis?

Por enquanto, apenas 2000 poços estão conectados, do total de 55.000. No país tem muitos poços que não estão conectados ao sistema de gás porque não é rentável. Acontece que, se o poço produz pouco, o duto não pode ser justificado. Tem muitos poços que podem produzir em pequenos volumes. O gás que atualmente está disperso poderia ser captado, diminuindo a importação.

Quanto tempo levaria a execução de dito processo?

São ações muito inovadoras e levam um tempo. Mas, no tocante à compressão, realizamos um trabalho duro e já se tornou um padrão. Hoje, ninguém desenha uma jazida sem compressão em cabeça de poço. Agora estamos impondo esse conceito de “compressão distribuída” e temos certeza que em dois anos será uma prática comum. Também, três petroleiras estão começando a utilizar gasodutos virtuais para captação em poços remotos.

Qual é a capacidade de produção atual do Grupo Galileo para adaptar esse tipo de poços?

Tem capacidade; vamos nos adaptando. Exportamos 80% da produção para 65 países. Nesse contexto, o mercado argentino é importante, porque nos últimos dois anos tem crescido de maneira notável, e na empresa podemos destinar a produção segundo a demanda.

Quais são seus principais mercados?

Os mercados mudam. Agora exportamos muito para os Estados Unidos e a Austrália. Mas, nossos mercados destaque estão na Ásia e na Europa, segundo a área de negócios.

A queda na atividade do Brasil prejudicou sua empresa?

No Brasil, a atividade do GNC atingiu uma meseta há muitos anos. A atividade petroleira nunca avançou com a força esperada, e a gasífera esta muito limitada, porque o volume total de consumo é a metade em comparação com a Argentina, mesmo que o Brasil seja uma economia 5 vezes maior. Há anos que esse mercado já não nos afeta.

A totalidade da produção da Galileo é Argentina?

Nossa tecnologia é 100% de produção nacional. Somos uma empresa argentina e 70% dos componentes dos equipamentos são locais, à exceção dos que não são fabricados aqui e devemos importar.

Qual é sua perspectiva para 2016?

Esperamos crescer muito na indústria local. Nosso projeto é que algumas de nossas linhas de negócio se tornem padrão, e também fortalecer-nos, porque sabemos que a indústria petroleira será forte no ano que vem.

Fonte: Revista Shale Seguro, edição de janeiro de 2016

 

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